terça-feira, 14 de junho de 2011

Fiesp espera desaceleração do emprego no segundo semestre

O emprego na indústria de transformação paulista deve ter um crescimento mais modesto no segundo semestre de 2011. A previsão mais pessimista da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) leva em conta o efeito defasado do aumento da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, além das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo federal no começo do ano.

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"O efeito do aumento da Selic e da restrição ao crédito não foi sentido ainda em sua plenitude. Isso deve acontecer de forma mais intensa no segundo semestre", afirmou André Rebelo, assessor de assuntos estratégicos da presidência da Fiesp. A combinação entre juros altos e crédito limitado, explicou Rebelo, contribuirá para reduzir o consumo e a produção, levando as empresas a diminuir as contratações.

Apesar da perspectiva pouco animadora, a Fiesp ainda não alterou a estimativa de 2,7% para o crescimento do emprego no setor neste ano. Segundo Rebelo, a entidade pode rever para baixo as projeções se os estoques continuaram a crescer nas fábricas, conforme captou a pesquisa Sensor da entidade no mês passado. Em maio, o índice registrou um avanço de 0,16% na série com ajuste sazonal.

Sem ajuste, a expansão foi de 0,54%, o que representou a criação de 14.500 postos de trabalho. "Trata-se de resultado positivo, mas fraco para os meses de maio. Estamos andando de lado nos últimos três meses", ressaltou Rebelo. O assessor de assuntos estratégicos da Fiesp avaliou que, junto com o câmbio valorizado, que favorece as importações, as medidas macroprudenciais e a Selic em trajetória de alta aparecem mais uma vez como os vilões do emprego da indústria no primeiro semestre.

Dos 22 setores pesquisados no mês passado, 15 realizaram mais contratações, seis demitiram e um ficou estável. Os destaques ficaram por conta dos segmentos de fabricação de coque e produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (2,4%), produtos diversos (2,2%) e produtos alimentícios (2,0%). Neste caso, influenciou o aumento da demanda por açúcar e o início da safra de laranja.

Já os que mais promoveram cortes foram couros e fabricação de artigos de couro, de viagem e calçados (-3,2%), confecção de artigos vestuários e acessórios (-0,8%) e produtos têxteis. "Além de sofrerem com as importações, esse setores costumam parar a produção neste período do ano. Estamos em época de troca de estação", argumentou Rebelo.

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