segunda-feira, 23 de maio de 2011

Com o mundo nas costas

EDIÇÃO: LUCIANA VICÁRIA


Para ser mochileiro, até algum tempo atrás, era preciso ter menos de 30 anos, ideias libertárias, pouco dinheiro no bolso e disposição para pernoitar em locais pouco confortáveis. Esse Mochileiro ainda existe, mas há cada vez mais viajantes com outros perfis que também resolveram rodar o mundo fora do esquema das agências de viagens. “Mochilar” virou programa de família e até roteiro de lua de mel. Conheça os principais perfis de mochileiro e os destinos mais indicados a cada um deles.

Boa parte dos mochileiros brasileiros, ao contrário do que se imagina, estuda em detalhes os lugares que pretende visitar. “O viajante daqui tem pressa, passa menos tempo fora do país (no máximo 40 dias)”, diz Gumercindo Soares, “turismólogo” especialista em mochilões. “Os estrangeiros passam de seis meses a um ano viajando.” É por isso que o webmaster Silnei Andrade, de 37 anos, do site mochileiros.com, o mais acessado do país, só sai de casa com tudo reservado, da passagem aérea ao ingresso do museu. “É uma forma de fazer o tempo render mais e ainda economizar dinheiro.”

Ter em mãos um roteiro prévio, no entanto, é uma antítese aos princípios originais dos mochileiros: jovens anarquistas que saíam pelo mundo em busca de aventuras em meados da década de 50. Os mochileiros americanos foram os precursores do movimento hippie da década de 60. Nos anos 80, a prática conquistou multidões de jovens estudantes, que queriam belas paisagens e pessoas interessantes. Desde então, vem se popularizando.

Estima-se que existam 2 milhões de mochileiros ao redor do mundo, segundo a maior organização que os representa, nos Estados Unidos. Mas o número de pessoas que desejam se tornar um deles é até três vezes maior, dizem os especialistas. “O mais difícil é a primeira ‘mochilada’”, diz o americano Collin Johnson, dono de uma empresa texana que ajuda viajantes independentes a programar a própria viagem. “Gosto da sensação de estar livre e resolver as coisas no momento em que elas acontecem”, diz o engenheiro capixaba Yuri Scaramussa, que passou 40 dias na Índia sem reserva de hotéis. Yuri prefere o risco de decidir na hora às amarras de uma viagem programada.

Um dos princípios básicos dos mochileiros é o desapego. Levar pouca bagagem e comprar o mínimo durante a viagem. Mas alguns dos novos adeptos fogem à regra e, simplesmente, não conseguem voltar para casa sem uma lembrança material do lugar que visitaram. É o caso de 65 jovens amigas americanas. Elas doam peças de roupa ao longo do trajeto para conseguir espaço na mala. Chegam em casa só com o que está no corpo. “Às vezes somos criticadas pelo ímpeto consumista”, diz Sarah Ritchie, uma das mais antigas mochileiras do grupo. “Qual é o problema de unir uma viagem independente a um desejo feminino tão latente?”

Ritchie divide os mochileiros em três categorias: os sociais, que buscam encontrar pessoas nas viagens; os aventureiros, para quem o roteiro só vale se incluir uma dose de adrenalina (como travessias de bicicleta, escaladas e rafting); e os culturais, que querem conhecer a história do local e visitar pontos turísticos. Há destinos que caem melhor a cada perfil de viajante (como mostra o quadro abaixo).





A boa notícia é que a vida do mochileiro está mais fácil hoje em dia. Há pelo menos 250 sites e blogs em português e cerca de 1.600 em inglês. Os fóruns de internautas promovem longas discussões sobre atos aparentemente banais, como arrumar uma mala ou negociar um táxi na Índia

Um comentário:

  1. Gostei do post, eu não tinha conhecimento dos números referentes a quantidade de mochileiros e de potenciais mochileiros existentes no mundo.

    www.mochilandosemfronteiras.com

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