sábado, 25 de junho de 2011

Olha só que oportunidade de um maravilhoso programa na orla do Rio de Janeiro!!! Muita poesia e música!!! Vai lá!

Câncer de boca causado por sexo oral avança no Brasil

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Em uma década, dispararam no país os casos de câncer de boca e orofaringe relacionados à infecção por HPV (papilomavírus humano), transmitidos por sexo oral.

O índice de tumores provocados pelo vírus é três vezes superior ao registrado no fim da década de 1990. Não há um aumento do número total de casos, mas sim uma mudança no perfil da doença.

Antes, cânceres de boca e da orofaringe (região atrás da língua, o palato e as amígdalas) afetavam homens acima de 50 anos, tabagistas e/ou alcoólatras.

Hoje, atingem os mais jovens (entre 30 e 45 anos), que não fumam e nem bebem em excesso, mas praticam sexo oral desprotegido.

Uma recente análise publicada no periódico "International Journal of Epidemiology" mostra que, quanto maior o número de parceiras com as quais pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais risco o homem terá de desenvolver câncer causado pelo HPV.

MAIS CASOS

No Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, 80% dos tumores de orofaringe têm associação com o papilomavírus. Há dez anos, essa associação existia em 25% dos casos.

O HPV já está presente em 32% dos tumores de boca em pacientes abaixo dos 45 anos ""antes, o índice era de 5%. Por ano, o hospital atende 160 casos desses tumores.

"O aumento dos tumores por HPV é real, e não porque houve melhora do diagnóstico. Os casos relacionados ao tabaco vêm caindo, mas o HPV está ocupando o lugar", diz o cirurgião Luiz Paulo Kowalski, do A.C. Camargo.

No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), 60% dos 96 casos de câncer de orofaringe atendidos em 2010 tinham relação com o HPV. As mulheres respondem por 20% dos casos.

"Começa-se a notar um maior número de mulheres com esse câncer, por causa do sexo oral desprotegido", diz o oncologista Gilberto de Castro Júnior, do Icesp.

No Hospital de Câncer de Barretos, no interior paulista, casos ligados ao HPV respondem por 30% dos cânceres da orofaringe, um aumento de 50% em relação à década passada, segundo o cirurgião André Lopes Carvalho.

"A maioria dos nossos pacientes tem o perfil clássico, de homens mais velhos que bebem e fumam. Mas estamos percebendo uma virada." O Inca (Instituto Nacional de Câncer) desenvolve seu primeiro estudo sobre o impacto do HPV nos tumores orais. Segundo o cirurgião Fernando Dias, coordenador da área de cabeça e pescoço do instituto, o HPV de subtipo 16 é o que mais provoca câncer da orofaringe.

"O HPV está criando um novo grupo de pacientes. Por isso, é preciso reforçar a necessidade de fazer sexo oral com preservativo." O Inca estima que, por ano, o país registre 14 mil novos casos de câncer de boca.

Segundo os especialistas, a boa notícia é que os tumores de orofaringe relacionados ao HPV têm um melhor prognóstico em relação àqueles provocados pelo fumo.
Paulo Kowalski afirma que eles respondem melhor à quimioterapia e à radioterapia e, muitas vezes, não há necessidade de cirurgia.

VACINA

A vacina contra o HPV não é aprovada para homens no Brasil. Nos EUA, onde foi liberada, a imunização masculina não protege contra o HPV 16, o tipo que mais causa câncer de boca e de orofaringe.

No Brasil, só mulheres entre 9 e 26 anos têm indicação para a vacina contra quatro tipos de HPV, entre eles o 16. Mas a imunização só existe na rede privada, ao custo médio de R$ 900.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Nióbio: A riqueza desprezada pelo Brasil

Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo, enquanto o Brasil dispensa pouca importância e esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações.

O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo.

O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados a fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anti-corrosivo, resistente aos ácidos mais agressivos, como os naftênicos.

Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de jóias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor.

O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de "colúmbio", dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio e o consumo mundial é de aproximadamente 37.000 toneladas anuais do minério totalmente brasileiro.

As pressões externas que subjugam o povo brasileiro

Ronaldo Schlichting, administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacional, em seu excelente artigo, que jamais deveria ser do desconhecimento do povo brasileiro, chama a atenção sobre a "Questão do Nióbio" e convoca todos os brasileiros para que digam não à doutrina da subjugação nacional. Menciona que a história do Brasil foi pautada pela escravidão das sucessivas gerações de cidadãos submetidos à vergonhosa doutrina de servidão.

Schlichting, de forma oportunista, desperta na consciência de todos que "qualquer tipo de riqueza nacional, pública ou privada, de natureza tecnológica, científica, humana, industrial, mineral, agrícola, energética, de comunicação, de transporte, biológica, assim que desponta e se torna importante, é imediatamente destruída, passa por um inexorável processo de transferência para outras mãos ou para seus 'testas de ferro' locais".

Identificam-se, nos dizeres do membro da Liga de Defesa Nacional, as estratégias atualmente aplicadas contra o Brasil nesta guerra dissimulada com ataques transversais, característicos dos combates desfechados durante a assimetria de "4ª Geração". Os brasileiros têm que ser convencidos de que o Brasil está em guerra e que de nada adianta ser um país pacífico. Os inimigos são implacáveis e passivamente o povo brasileiro está assistindo a desmontagem do país. Na guerra assimétrica, de quarta geração de influências sutis, não há inicialmente uso de armas e bombardeios com grande mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas, entreguistas, corruptos, lobistas e traidores. O povo na sua esmagadora maioria desconhece o que de gravíssimo está ocorrendo na sua frente e não esboça nenhum tipo de reação. Por trás, os países hegemônicos, mais ricos, colonizadores, injetam volumosas fortunas em suas organizações nacionais e internacionais (ONGs, religiosas, científicas, diplomáticas) para corromperem e corroerem as instituições e autoridades nacionais para conseqüentemente solaparem a moral do povo e esvaziar a vontade popular. Este tipo de acontecimento é presenciado no momento no Brasil.

As ações objetivas efetuadas

A sobretaxação do álcool brasileiro nos EUA; as calúnias internacionais sobre o biodiesel; a não aceitação da lista de fazendas para a venda de carne bovina para a União Européia (UE); a acusação do jornal inglês "The Guardian" de que a avicultura brasileira estaria avançando sobre a Amazônia; as insistentes tentativas pra a internacionalização da Amazônia; a possível transformação da Reserva Indígena Ianomâmi (RII), 96.649Km2, e Reserva Indígena Raposa Serra do Sol (RIRSS), 160.000Km2, em dois países e o conseqüente desmembramento do norte do Estado de Roraima e incontáveis outras tentativas, algumas ostensivas, outras insidiosas. Elas deixam claro que estamos no meio de uma guerra assimétrica de quarta geração, que o desfecho poderá ser o ataque de forças armadas coligadas (OTAN), lideradas pelos Estados Unidos da América do Norte.

É importante chamar a atenção dos brasileiros para o fato de que a RII é para 5.000 indígenas e que a RIRSS é para 15.000 indígenas. Somando as duas reservas indígenas dão 256.649Km2 para 20.000 silvícolas de etnias diferentes, que na maioria nunca viveram nas áreas, muitos aculturados e não reivindicaram nada. Enquanto as duas reservas indígenas somam 256.649Km2 para 20 mil almas, a Inglaterra com 258.256Km2 abriga uma população de aproximadamente 60 milhões de habitantes.

Esta subserviência do Brasil vem de longa data conforme pontifica Ronaldo Schlichting. Ela vem desde "o Império", sendo adotada já no alvorecer da "República" e pode ser exemplificada por "ONGs, fundações, igrejas, empresas, sociedades, partidos políticos, fóruns, centro de estudos e outras arapucas".

As diversas aplicações do Nióbio

Entre os metais refratários, o nióbio é o mais leve prestando-se para a siderurgia, aeronáutica e largo emprego nas indústrias espacial e nuclear. Na necessidade de aços de alta resistência e baixa liga e de requisição de superligas indispensáveis para suportar altas temperaturas como ocorre nas turbinas de aviões a jato e foguetes, o nióbio adquire máxima importância. Podem ser exemplificados outros empregos do nióbio na vida moderna: produção de aço inoxidável, ligas supercondutoras, cerâmicas eletrônicas, lente para câmeras, indústria naval e fabricação de trens-bala, de armamentos, indústria aeroespacial, de instrumentos cirúrgicos, e óticos de precisão.

O descaso nas negociações internacionais

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a maior exploradora mundial, do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp, em Araxá, exporta 95% do nióbio extraído de Minas Gerais.

Segundo o artigo de Schlichting, que menciona o citado no jornal Folha de São Paulo, 5 de novembro de 2003: "Lula passou o final de semana em Araxá em casa da CBMM do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp…" E, complementa que "uma ONG financiou projetos do Instituto Cidadania, presidido por Luiz Inácio da Silva, inclusive o 'Fome Zero', que integra o programa de governo do presidente eleito".

O Brasil como único exportador mundial do minério não dá o preço no mercado externo, o preço do metal quase 100% refinado é cotado a US$ 90 o quilo na Bolsa de Metais de Londres, enquanto que totalmente bruto, no garimpo o quilo custa 400 reais. Na cotação do dólar de hoje (R$ 1,75), R$ 400,00 = $ 228,57. Portanto, $ 228,57 – $ 90,00 = $ 138,57. Como conclusão, o sucesso do governo atual nas exportações é "sucesso de enganação". O brasileiro é totalmente ludibriado com propagandas falsas de progressos nas exportações, mas, em relação aos negócios internacionais, de verdadeiro é a concretização de maus negócios.

Nas jazidas de Catalão e Araxá o nióbio bruto, extraído da mina, custa 228,57 dólares e é vendido no exterior, refinado, por 90 dólares. Como é que pode ocorrer tal tipo de transação comercial com total prejuízo para a população do país? É muito descaso com as questões do país e o desinteresse com o bem-estar do povo brasileiro. Como os EUA, a Europa e o Japão são totalmente dependentes do nióbio e o Brasil é o único fornecedor mundial, era para todos os problemas econômicos, a liquidação total da dívida externa e de subdesenvolvimento serem totalmente resolvidos.

Deve ser frisada a grande importância do nióbio e a questão do desmembramento de gigantescas fatias de territórios da Amazônia, ricas deste metal e de outras jazidas minerais já divulgadas. As pressões externas são demasiadas e visam à desmoralização das instituições brasileiras das mais diversas formas, conforme pode ser comprovado nas políticas educacionais e nos critérios de admissão de candidatos às universidades. Métodos que corrompem autoridades destituídas de valores morais são procedimentos que contribuem para a desmontagem do país. Uma gama extensa de processos que permitam os traidores obterem vantagens faz parte para ampliar a divulgação da descrença, anestesiando o povo, dando a certeza de que o Brasil não tem mais jeito.

A questão do nióbio é tão vergonhosa que na realidade o mundo todo consome l00% do nióbio brasileiro, sendo que os dados oficiais registram como exportação somente 40%. Anos e anos de subfaturamento tem acumulado um prejuízo para o país de bilhões e bilhões de dólares anuais.

Ronaldo Schlichting, no seu artigo publicado, ressalta que "no cassino das finanças internacionais o jogo da moda é chamado de 'mico preto', cujo perdedor será aquele que ao fim do carteado ficar com a carta do mico, denominada dólar". É, devido à incompetência do governo brasileiro e do ministro da Fazenda, quem ficou com o mico preto foi o povo brasileiro, o papel pintado, falso, sem valor, chamado de dólar.

O que está ocorrendo é que o Brasil está vendendo todas as suas riquezas de qualquer jeito e recebendo o pagamento em moeda podre, sem qualquer valor, ficando caracterizada uma traição ao país e ao povo brasileiro.

Como reservar seus voos: viajando por conta própria

A verdade é a seguinte: pode até ser confortável comprar um pacote fechado por um agência de viagens. É ela quem vai determinar a companhia aérea, o hotel e quais locais visitar. Saiba, porém, que você estará pagando MUITO mais do que deveria. Um rápido cálculo comparativo vai provar que pelo menos 30% são de taxas de serviço.

flight2 cacophonyx Como reservar seus voos: viajando por conta própria

Por exemplo: vai pra Londres visitar um amigo e queria conhecer outros países na volta? A melhor coisa é comprar a passagem principal e depois buscar voos baratos nas companhias aéreas low cost, que derrubam o preço das grandonas do mercado.

Quer economizar grana pra poder conhecer mais lugares? Troque os hoteis metidos à besta (que, via agências, cobram muito mais do que seus serviços realmente merecem) e fique em albergues pelo mundo, cuja qualidade e variedade crescem a passos largos. Afinal de contas, um pouco de espírito de aventura e independência cai bem para qualquer viajante, certo?


1º passo: saindo do Brasil

Sites como Decolar.Com e Submarino Viagens são bons para listar as grandes companhias, que fazem as viagens intercontinentais. Antes de escolher o voo, veja bem o número de escalas e o aeroporto final do destino, que pode ser mais longe do que você programa.

Ambos os sites parcelam em 5x sem juros no cartão de crédito – ainda que a primeira parcela (entrada) seja substancialmente maior que as demais. A Submarino ainda parcela em 10x com juros de 2,7% ao mês, dependendo da companhia.


2º passo: viajando entre países – companhias low cost

Sites grandes como aqueles listam apenas as aerolíneas de grande porte, do tipo Tam, Air France e KLM., mas não incluem as chamadas companhias low cost. Então pra quem procura trechos dentro da Europa ou dos EUA, por exemplo, é bem melhor usar um site como SkyScanner.

Easyjet 1WexDub Como reservar seus voos: viajando por conta própriaO site combina mais de 75 companhias “no frills” (“sem frescuras”) pelo mundo e também as grandes do mercado, ordenando pelos preços mais baixos e disponibilidade de datas.

Por low cost, entenda-se que 1) você não terá refeições a bordo e 2) não espere muito espaço para as pernas. É assim que as empresas conseguem baixar os preços. Resumindo: são ideais para viagens curtas.

Na Europa, as duas maiores low cost são a Easyjet e a Ryanair. Há outras várias, mas vamos nos concentrar nessas duas que são as mais populares e com mais variedade de destinos.

Ambas têm prós e contras, mas a Easyjet tem bem mais aceitação por ter menos restrições e taxas extras, especialmente quanto ao check-in e à bagagem permitida. Veja um quadro comparativo:

custos easyjet ryanair Como reservar seus voos: viajando por conta própria.

Via de regra, ficamos assim: se há o mesmo destino disponível em ambas, prefira a Easyjet. Vai dar menos dor de cabeça. Mas a tentação será grande, já que os preços da Ryanair costumam ser bem atraentes.

Para ajudar na decisão, vamos à lista dos países e cidades operados por ambas (clique na figura para aumentar).


Agora algumas dicas de usuários de ambas, para prestar atenção antes de reservar:

► Lembre de checar o aeroporto do destino final. Às vezes não é exatamente na cidade anunciada, e sim a 1 ou 2 horas de viagem (trem/ônibus).

flight jemimus Como reservar seus voos: viajando por conta própria► Os horários dos voos mais baratos podem ser muito cedo pela manhã, o que poderá exigirá transporte (como táxi ou ônibus especial). Então faça o cálculo antes de achar que está fazendo o melhor negócio.

► Em grandes capitais como Londres, as low costs geralmente voam dos aeroportos menores e mais afastados da cidade, o que vai exigir maior deslocamento. Vale checar, sempre, se há metrô ou outro transporte direto do aeroporto na hora de seu voo, para evitar gastos extras.

► Nem a Ryanair nem a EasyJet permitem marcar assento quando fazem a reserva – cobram pelo “priority boarding” £6 e £11, respectivamente. Se fizer questão do melhor lugar possível, chegue cedo ou pague a taxa (no caso de um grupo, um pode pagar e guardar lugar para os outros).

► Dependendo da rota na Europa, vale checar empresas como a Lufthansa e a British Airways que às vezes tem tarifas tão baratas quanto as low cost e, convenhamos, com melhores serviços.
Barato, mas com segurança!

Vale ressaltar que, apesar do menor preço e serviço limitado, as empresas low cost são sim seguras para viajar. As aeronaves não são feitas de material de segunda mão nem são tripuladas por gente desqualificada. Todas elas são submetidas aos mesmos altos padrões de segurança de qualquer outra companhia aérea.

Outro ponto interessante é que as companhias econômicas também podem, de alguma forma, ser consideradas mais ambientalmente responsáveis do que aquelas que operam grandes jumbos. Por não incluir refeições, eles economizam toneladas de plástico usados nas bandejas e outros materiais. E a distribuição mais “apertada” dos passageiros na aeronave – sem a primeira classe – também resulta em uso mais eficiente de combustível, por exemplo.


Dicas Ryanair



CHECK-IN

► Você DEVE fazer o check-in online e imprimir seu cartão de embarque. Quem não o fizer ou não trouxer consigo, paga a exorbitância de £40 por pessoa e por trecho para ser reimpresso no aeroporto.

► É bom já imprimir todos os voos antes de sair de casa, pra não perder tempo depois procurando um lugar com internet e impressora.

► O check-in online custa £6, e é aberto 15 dias e encerra 4 horas antes da viagem. Vale prestar atenção nas promoções (“sales”) dos voos de £6 ou menos, que incluem as taxas extras, incluindo a de check-in.

SEGURO

► O site da Ryanair costuma perguntar em qual país você mora, com o propósito de oferecer seguro. Então lembre-se sempre de marcar o box ”no travel insurance required” na caixa respectiva para evitar de seguro adicional – você pode conseguir o seguro, se quiser, por preços bem mais baratos em outros lugares.

BAGAGEM

► Há diferentes preços para diferentes pesos de sua bagagem: quanto menos levar, menos pagará. Nem um livro pode ser levado na mão para não contar como volume extra!


Dicas Easyjet



PAGAMENTO

► Pagar com cartão de débito é melhor que com cartão de crédito. Para Visa Electron, não há taxa. Com débito, a taxa é de £8 por transação, enquanto que com crédito paga-se as £8 mais £4.95 ou 2,5% (o que for maior). Mas para compras acima de £100, pague com cartão de crédito, pois a lei obriga a administradora a segurar sua compra se houve problemas com a depois.

flight bagagem Marc Lacostejpg Como reservar seus voos: viajando por conta própriaBAGAGEM

► Não há limite de peso para bagagem de mão que o passageiro leva na cabine, mas sim limite de tamanho – as dimensões devem ser, no máximo, 56x45x25cm.

ASSENTOS

► Para clientes assíduos da Easyjet, pode valer a pena adquirir o cartão de fidelidade Plus, que dá direito ao passe “speedy boarding” permanente (para escolher os lugares primeiro). Custa Por £109 (R$ 283) por ano, que comparado às £22 cobradas por cada voo ida-e-volta, pode ser um bom negócio se você fizer mais de 7 voos completos por ano. Ah e uma dica: para famílias/grupos, se um membro tiver o boarding pass, ele pode entrar no avião primeiro e guardar lugar para os outros!

ESPAÇO

► Uma dica “interna”: nunca sente no lado direito das aeronaves depois da fila 14 – a partir dessa área, foram adicionadas duas filas extras, resultando em bem menos espaço. Também evite de sentar no fundão, onde a tripulação costuma “socializar” e vai perturbar seu sono.


Outras aéreas low cost na Europa:

wizzair Como reservar seus voos: viajando por conta própriaAerlingus (também tem vários destinos para os EUA)

Germanings (boas aeronaves e destinos pela Europa)

Condor (várias rotas partindo do Brasil)

Flybe (boa para viajar dentro do Reino Unido)

Vueling (muito popular na Espanha)

Wizzair (boas ofertas para o leste europeu)


Companhias aéreas low cost nos Estados Unidos:

A mesma regra vale para os EUA. Se companhias tradicionais como American Airlines, Delta e United Airlines apresentarem preços meio salgados para sua viagens dentro do país, experimente algumas da principais low cost que operam na América do Norte (e parte da Europa também). Dentre elas:

jetblue1 Como reservar seus voos: viajando por conta própriaAirTran

JetBlue

Virgin America

Southwest

Spirit Airlines


3° passo: economize com hospedagem

Quer fazer o dinheiro render mais na viagem? Ignore as “ofertas” de hoteis das agências de viagem e fique em albergues. Vale tanto pro viajante que quer só uma cama para descansar no fim de um longo dia de passeios, quanto para o turista mais exigente que espera conforto e um pouco mais de mordomia.

Por uma fração do preço de um hotel comum, é possível hoje ficar em albergues com ar condicionado, quartos individuais e luxos como piscina, jacuzzi e jardins privativos. Fora ter a chance de conhecer viajantes do mundo todoe tornar a viagem ainda mais animada.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que fazer nos EUA – Nova York,

Nova York

O que dizer da capital do mundo? Apenas que é bom você reservar uns bons dias (semanas?) pra descobrir e explorar a metrópole mais vibrante do planeta.

Veja a listas dos alberguer no site:
http://pt.hostelbookers.com/albergues/eua/nova-iorque/

I) Mais que um meio de transporte, a Staten Island Ferry é uma atração por si só. Os visitantes podem fazer a viagem de 25 minutos de graça, entre Lower Manhattan e Staten Island. É o caminho para chegar até a Estátua da Liberdade e, de quebra, tem-se algumas vistas incríveis de NYC. A balsa deixa os passageiros no Terminal St. George. Funciona 24 horas por dia. Para horários específicos, consulte: http://www.siferry.com/SIFerry_Schedules.aspx

II) Se Los Angeles não estiver no roteiro de viagem, ou se cinema e celebridades for mesmo a sua praia, vale fazer um tour guiado com a Celebrity Planet. Escolha entre “Gangster Tour”, “Sex and the City”, “Superhero”, “Music Tour”, “The Celebrity Tour” e veja de perto casa de estrelas como Madonna, Angelina Jolie, Bono e Bruce Willis, sets de filmes e séries de sucesso. O passeio pode ser a pé – US$ 25 (R$ 40), durando de 1,5 a 2 horas – ou em alto estilo com chofer – US$ 120 (R$ 192) e 3 horas de duração.

III) Uma das maiores e mais importantes do mundo, a Biblioteca Pública de Nova York (New York Public Library) merece uma visita, nem que seja para apreciar a beleza de seus prédios. São mais 44 milhões de itens, incluindo 16 milhões de livros. Há sedes em Manhattan, no Bronx e Staten Island (confira os endereços).

IV) Programado para inaugurar em 11 de setembro de 2011, exatos 10 anos após os ataques terroristas de Nova York, o National September 11 Memorial & Museum no World Trade Center promete virar um ponto de enorme interesse turístico. Será um espaço para homenagear os 3 mil mortos nos ataques de 11/9/11 e de 26/2/93, com mais 32 mil m² de área, com fontes, cascatas e museu. Até lá, dá pra visitar gratuitamente o 9/11 Memorial Preview Site, que dá uma prévia do que vai ser o memorial.

V) É claro que você vai ir no Central Park, então nem precisa falar muito dele. Mas como alternativa, vale dar uma conferida no Prospect Park no Brooklyn, com seus 236 hectares. O destaque é o Long Meadow, prado imenso de mais de 1,5km, muito popular para esportes, piqueniques e, no verão, para shows gratuitos. Tem ainda lago pra pescar, uma floresta natural com mais de 30 mil árvores e um zoológico que inclui pandas-vermelhos (raposa-de-fogo) e cangurus!


10 coisas grátis para fazer em Nova York

Lar de atrações mundialmente famosas como a Estátua da Liberdade, Empire State Building, Central Park e a Times Square, a cidade de Nova York é certamente um dos destinos turísticos mais populares do mundo.

No entanto, mesmo que você possa ficar em um albergue em Nova York pagando uma fração do preço de um hotel, uma viagem para NYC pode ser meio cara – especialmente para quem a visita pela primeira vez.

Pensando nos mochileiros que pensam em ir pra lá com um orçamento mais econômico, organizamos uma listinha de coisas grátis para fazer em Nova York, para que você possa aproveitar a Big Apple sem ter que entrar no vermelho.


1. Tome um banho de cultura nos museus

Para os fãs de cultura, Nova York é um prato cheio. O que não falta são excelentes museus, galerias de arte e exposições. Galerias renomadas como a Guggenheim certamente valem uma visita, mas vão lhe custar algumas dezenas de dólares, o que pode atrapalhar seu orçamento.
Para ajudar você a economizar para fazer aquelas comprinhas na Bloomingdale´s ou tentar aquele ingresso para ver os Knicks, a dica é pesquisar sobre os dias e horários gratuitos dos museus, quase sempre presentes. Um dos mais legais é o Museu de Arte Moderna (MoMA), que abre as portas para o público às sextas-feiras, entre 16h e 20h. Algumas galerias super bacanas como Gagosian Uptown, PaceWildestein e Canada Gallery são sempre gratuitas, assim como o interessante Museu da Imigração em Ellis Island.

Agora para um verdadeiro show gratuito de cultura, a dica é programar a visita para junho, quando acontece o Museum Mile Festival. Em 2011, será dia 14 (entre 18h e 21h), quando nove dos museus da 5ª Avenida abrem suas portas de graça para os visitantes. São eles: Museum for African Art, El Museo del Barrio, Museum of the City of New York, The Jewish Museum, Cooper Hewitt/National Design Museum/Smithsonian Institution, National Academy Museum and School of Fine Arts, Solomon R. Guggenheim Museum, Neue Galerie New York, Goethe-Institut/German Cultural Center e The Metropolitan Museum of Art. Tem ainda música ao vivo, exibições especiais, atividades para crianças e o tráfego é fechado na 5ª Avenida.


2. Banque o Indiana Jones no Alley Pond Park

Se seu instinto aventureiro anda em alta, ele pode sim ser posto em prática em Nova York! No Alley Pond Park, no Queens, um “curso de aventura” vai divertir a família toda (qualquer um acima de 8 anos). Você pode escalar muros de pedras, andar na corda bamba, fazer tirolesa ou até ser jogado de uma catapulta humana!
Divertido, certo? E tudo de graça. Mas é preciso chegar cedo, já que o esquema é por ordem de chegada, com cada sessão para até 40 pessoas. As sessões acontecem aos domingos, às 10h e 13h30, entre maio e novembro (conforme condições climáticas adequadas). Não é preciso registro antecipado, sendo que as inscrições são no dia, a partir das 9h e depois às 13h. Grupos muito grandes podem ser recusados.

Se ficar balançando a 15 metros de altura não é muito a sua praia, então o Parkhouse no Nelson A. Rockefeller Park pode ser outra boa opção para uma diversão ao ar livre. Só com um documento de identidade, você tem acesso a um monte de esportes e jogos para participar à vontdade, de ping-pong a frisbees, até raquetes de badminton e bastões de lacrosse.


3. Faça uma boquinha na faixa

Depois de tanta atividade, bem provável que você fique com uma fome danada. Há muita opção de lugar barato para comer em Nova York, e geralmente com porções de tamanhos bem fartos. Mas pra que pagar se você pode ter de graça, não é mesmo?

De bares a mercados de rua, o segredo é vasculhar! Se você quer alguma coisa grátis pra comer enquanto toma uma cerveja, então Rodeo Bar na 3ª Avenida com Rua 27 é uma boa opção para o happy hour. Qualquer bebida comprada durante o happy “hour” (muito generoso, por sinal – das 16h às 21h diariamente), dão direito a nachos com queijo ou asinhas de frango – tempo mais do que suficiente para forrar o estômago!

Outra dica é ir até a Macy’s Herald Square em qualquer terça, quinta ou sábado, sentar e relaxar enquanto um chef profissional prepara seus quitutes na Cellar Ktichen. As demonstrações costumam durar só uma hora, então é bom chegar cedo (antes das 13h) para garantir lugar. Afinal, comida de graça e ainda de primeira!


4. Ganhe uma transformação em uma loja de departamentos

Fato que alguma parte de sua viagem será gasta em comprinhas. Com tanta loja de departamentos de primeira classe em Nova York, vai ser quase impossível não acabar gastando em uma delas. Mas, dá pra se “vingar”, digamos. Você pode, por exemplo, ter um pouco do seu gasto “recompensado”, aproveitando os “trunk shows” de estilistas que vão à cidade promover sua linha de roupas ou maquiagem, oferecendo limpezas de pele, massagense e verdadeiras “transformações”.

Saks Fifth Avenue e Bloomingdale’s frequentemente oferecem tais promoções, então se você tiver mesmo sorte, sua visita pode concidir com uma festinha envolvendo um monte de canapés e coqueteis bacanas. Geralmente, se você ver menção de um DJ na programação, é um bom indicador que algo legal poderá estar acontecendo por lá.


5. Beba uma cerveja grátis num bar bacana

Enquanto manicures e limpezas de pele na Bloomingdale’s podem ter pouco apelo para os rapazes em Nova York, tomar uma cerveja de graça e em alguns dos melhores bares da cidade, as chances são bem maiores.
Diversos bares oferem drinques gratuitos em diferentes noites da semana, mas a chamada “Meet the Brewer” nas noites de terça do Beirkraft no Brooklyn (5ª Avenida entre Berkley Place e Union Street) está entre os hits da cidade. A partir das 19h, você pode provar até seis tipos de cervejas de cervejarias convidadas e aprender um pouco mais sobre o que você está bebendo. O bar é ótimo por si só, e serve uma variedade de comida pra lá de decente, incluindo uns bons petisquinhos que acompanham suas degustações.

Às quartas, o Mercury Bar na 3ª Avenida (entre as Ruas 33 e 34), dedica uma hora (das 20h às 21h) para as moças, com coqueteis de graça! Rapazes, lamentamos em informar mas vocês terão que pagar preço normal – mas, boa notícia, os preços são super razoáveis e há telões espalhados com esportes passando direto!


6. Dê boas risadas com shows gratuitos de comédia

Comédia é algo que os americanos fazem de melhor. Os shows de stand-up comedy são um clássico para quem vai a Nova York e são diversos os clubes que oferecem de noitesgratuitas.

nyc free comedy 10 coisas grátis para fazer em Nova YorkASSSSCAT 3000 sempre tem alguma estrela famosa do Saturday Night Live e 30 Rock, e certamente serão duas ou três horas de muita diversão no Upright Citizens Brigade Theatre. Você tem que chegar cedo para conseguir ingresso para o show dos domingos às 21h30 – as entradas gratuitas são distribuídas a partir das 20h15, mas tem gente fazendo fila bem antes.

As apresentações do Whiplash, também no Upright Citizens Brigade Theatre, são às segundas, 23, e bem menos lotadas. O lendário comediante Leo Allen é o anfitrião do show, que geralmente surpreende a plateia com alguns dos principais nomes do circuito de stand-up aparecendo por lá.


7. Aprenda a dançar no Dance Manhattan
Se o seu negócio é mexer as cadeiras, não perca essa! Dance Manhattan é uma das mais prestigiadas escolas de dança de Nova York, e palco de treinamento de alguns dos melhores dançarinos contemporâneos do país.

Uma vez por mês, eles abrem as portas para o público, oferecendo aulas de dança gratuitas, seguidas por uma festa e uma performance da escola de dança.

A data dessa noite especial varia todo mês, então é preciso checar o site do Dance Manhattan para os destalhes e como participar.


8. Assista Shakespeare de graça em um estacionamento
Quando Shakespeare escreveu Romeo e Julieta ou Hamlet não havia carro muito menos estacionamento, mas isso esse é exatamente o ambiente que você terá com a turma do Shakespeare in the Parking Lot. É um jeito totalmente diferente de assistir a uma peça do bardo inglês em plena Nova York, mais precisamente em um estacionamento do East Side na Rua Broome. Certamente vale dar uma olhada (de quinta a sábado, 20h). Dá pra levar cadeira ou, se chegar cedo, conseguir um lugarzinho por lá mesmo.


9. Veja um filme no Museu de Arte Moderna

O Museu de Arte Moderna (MoMA) talvez não seja o primeiro lugar que você pensa para assistir a um filme, e certamente não vai estar exibindo o último blockbuster de Hollywood. Mas se você é um cinéfilo ou tá de bobeira numa sexta à tarde, pode valer a pena.
O MoMA exibe filmes de todo o planeta, geralmente sob algum tema ou mostra, e com foco em filmes de menor apelo popular (ou seja, mais difíceis de encontrar em outros cinemas). Mas não se engane: mesmo sendo um tanto “obscuros”, as sessões gratuitas das sextas-feiras esgotam rapidinho.

O “ingresso” deve ser retirado entre 16h e 20h. As filas tendem a diminuir lá pelas 18h, mas aí pode ser tarde. Vale sim chegar cedo, até porque o próprio museu está aberto gratuitamente neste horário, e vai ocupar bem o seu tempo antes de o filme começar.


10. Dê uma volta pela Brooklyn Bridge

Não são todas as super atrações de Nova York que custam dinheiro. Um passeio pelo lindoCentral Park não custa nada, assim como uma volta pela nyc free brooklyn 10 coisas grátis para fazer em Nova YorkBrooklyn Beach de Manhattan para o Brooklyn.

A Brooklyn Bridge é certamente um must para quem visita Nova York. De lá tem-se algumas das melhores vistas da cidade, de dia ou de noite.

Você pode combinar seu passeio pela ponte com uma volta pelo calçadão de quase 5km na Coney Island, que também é gratuito. O que não dá pra garantir é que você não vai sentir fome e ter que abrir o bolso para comprar um delicioso hot dog do Nathan´s no caminho de volta pela ponte!

Há muitas e muitas coisas gratuitas para ver e fazer em Nova York. A dica básica é ficar sempre de olhos e ouvidos atentos porque sempre tem alguma coisa acontecendo em algum lugar – afinal é a cidade que nunca dorme!

Mais duas dicas:

* Peça um cartão de descontos no balcão de informações da Macy’s, para ter 20% nas compras como cidadão não-americano.

* Siga o NYCGO, o portal oficial da cidade, no Twitter e no Facebook, agora com canais exclusivos em português, o que é sempre uma mão na rod

FHC em oito retratos



Enviado por Ricardo Noblat - 20.06.2011

FHC em oito retratos

I - Quem ele é



Sozinho numa estação de trem da Europa, tendo deixado a presidência da República há poucos meses, Fernando Henrique Cardoso notou que uma mulher, a alguns metros de distância, não tirava os olhos dele. Retribuiu o interesse. Então a mulher, uma brasileira, finalmente se aproximou e disse assim:

- Sei quem é você.

- Sabe mesmo?

- Sei, sim.

- Sabe nada...

- Você é um artista da Globo. Não é?



II - Pisando no tomateiro



FHC era o líder do PMDB no Senado. E a VEJA tinha um acordo com ele: as quintas ou sextas-feiras, despachava um repórter para ouvi-lo em off sobre os temas mais candentes da semana.

A jornalista Cecília Pires cumpriu esse papel ao longo de 1985. Mas quando voltou a procurá-lo em meados de fevereiro do ano seguinte, ela trocara a VEJA pelo Jornal do Brasil. E imaginou que ele soubesse. Sua assessoria sabia.

Ao cabo da conversa, Ana Tavares, a devotada e eficientíssima assessora de imprensa de FHC, telefonou para ele e perguntou:

- E a entrevista?

- Acho que a VEJA vai gostar.

- VEJA??? Você falou para o Jornal do Brasil! - ela respondeu, antevendo o desastre.

O que disse FHC foi manchete de capa do jornal. Sem meias palavras, ele chamou Sarney de fraco e de incompetente. Apontou as principais mazelas do governo. E conclamou o povo a sair às ruas exigindo a antecipação das eleições diretas para presidente da República.

Uma semana depois de publicada a entrevista, o governo lançou o Plano Cruzado, que congelou preços e salários. A popularidade do presidente bateu a casa dos 90% em menos de um mês.

Em todo o país, pessoas saíram às as ruas carregando botons onde estava escrito: "Sou fiscal de Sarney". Ai dos comerciantes que reajustassem seus preços.

Os fiscais mais ousados decretaram o fechamento de supermercados. E foram obedecidos.

“Eu pisei no tomate quando me referi a Sarney como a vanguarda do atraso”, debochou na época o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra. “Mas Fernando Henrique pisou no tomateiro”.

O Cruzado deu errado rapidinho - em menos de um ano.

Manifestantes frustrados com o fracasso do plano apedrejaram no Rio de Janeiro o ônibus com Sarney e sua comitiva. E FHC voltou a espicaçar Sarney.

Perguntei-lhe um ano depois como via a crise - a inflação em alta, o PMDB rebelado contra Sarney, os demais partidos insatisfeitos.

- A crise viajou - retrucou ele.

Sarney estava fora do país em viagem oficial.



III - Do que mais gostava



Convidado em 1992 pelo presidente Itamar Franco para ser ministro das Relações Exteriores, FHC deslumbrou-se com o cargo. Amava as viagens internacionais e a corte que lhe faziam os diplomatas.

Como chanceler tinha direito a ocupar um apartamento dentro do prédio do ministério onde costumava tomar café todas as manhãs enquanto se inteirava do que ocorria no mundo.

Um dia, sua assessora de imprensa, Ana Tavares, que o chamava de FH quando estavam a sós, advertiu-o:

- Você tem que cuidar de São Paulo, receber vereadores em audiências, desse jeito não se elegerá sequer deputado federal.

Era o que pensavam também os amigos mais próximos dele.

Um ano depois, FHC foi promovido a ministro da Fazenda. Acabou se elegendo presidente nas asas do Plano Real, que sucedeu o Plano Cruzado, derrotando a inflação.

“Presidência da República não é meta, é destino”, lembrou-lhe mais de uma vez o senador Antônio Carlos Magalhães (BA).



IV - A perda da cátedra



Um dos primeiros compromissos da campanha presidencial de 1994 obrigou FHC a falar para uma platéia de agricultores rudes e políticos do PSDB de Juazeiro do Norte, Ceará.

O salão alugado pelo partido estava cheio e ele, pouco à vontade.

Entre menções ao alemão Max Weber, um dos pais da Sociologia, e à estabilidade monetária, contou que se opusera à ditadura militar de 64. Por isso fora preso, encapuçado e perdera a cátedra.

Na hora dos cumprimentos, ouviu de um homem atarracado, de voz grave e dono de um forte aperto de mão:

- Esse negócio da cátedra... Não se preocupe com o que aconteceu. Você é homem! É macho! Todo mundo sabe disso. E foi por uma boa causa.



V - O diabinho que mora em Serra



No fim do seu primeiro mandato como presidente da República, FHC não agüentava mais ouvir José Serra criticar Gustavo Franco, diretor do Banco Central, do qual divergia por causa da política de câmbio.

Um dia deu a entender a Serra que demitiria Franco – e Serra, como de hábito, apressou-se a espalhar a notícia.

FHC demitiu o outro Gustavo, Loyola, presidente do Banco Central. E nomeou Franco para o lugar dele.

- Eu era refém de Gustavo Franco – justificou-se FHC mais tarde. “Se o tirasse de lá, precipitaria a desvalorização do real”.

O real foi desvalorizado tão logo FHC tomou posse pela segunda vez.

Sobre Serra, confidenciou a um amigo:

- Se eu fosse mulher e Serra me cantasse, eu daria logo pra ele. Do contrário minha vida viraria um inferno. O problema de Serra não é Serra, é o diabinho que existe dentro dele.



VI - Sucessão pela esquerda



Na noite em que se elegeu presidente da República pela segunda vez novamente derrotando Lula, FHC jantou no Palácio do Alvorada na companhia de amigos.

Por uma vantagem estreita de votos não seria obrigado a disputar o segundo turno. Se disputasse, talvez perdesse.

FHC vaticinou quando a sobremesa começou a ser servida:

- Meu sucessor vai sair da esquerda. Será Covas ou Lula. Covas está doente. Em breve chamarei Lula para uma conversa.

Mário Covas (PSDB) era governador de São Paulo. Sofria de câncer. Morreu em 2001 sem completar o segundo mandato. No ano seguinte, Lula se elegeu pela primeira vez derrotando Serra.



VII - Avalizando Lula



A campanha presidencial de 2002 estava pelo meio quando FHC convidou Lula para uma conversa particular no Palácio do Alvorada. Antes conversara com os outros candidatos.

- O que você acha? – perguntou Lula.

- Acho que você vai ganhar. Mas precisa fazer um gesto para acalmar o mercado financeiro e os investidores internacionais - aconselhou FHC.

Pouco tempo depois, Lula divulgou a Carta aos Brasileiros onde prometia manter os fundamentos da política econômica de FHC.

Em telefonemas para os presidentes dos Estados Unidos, Bill Clinton, do FMI e do Banco Mundial, FHC avalizou a promessa de Lula.

Enquanto isso, Serra fazia campanha como se fosse candidato de oposição.



VIII - O sonho da volta ao poder



Antes de passar a faixa presidencial para Lula, FHC admitiu que só haveria uma hipótese de ser candidato no futuro a um terceiro mandato: se o país fosse atingido por uma grande crise e se tornasse ingovernável. Nesse caso, disputaria a presidência para implantar mais tarde o regime parlamentarista de governo. Não queria ser primeiro-ministro, mas Chefe de Estado.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Veja 20 maneiras de aumentar a sua energia nos dias frios

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

AROMAS QUENTES
Termine seu banho da manhã com uma 'baldada' de óleos essenciais. Em 2 l de água morna, misture uma colher (café) de óleo de amêndoas doces, duas gotas de óleo de gengibre e duas de óleo de palma rosa, para ativar a circulação e hidratar. A fórmula é da aromaterapeuta Sâmia Maluf. Para "aquecer" o ambiente, use num difusor 10 gotas de óleo de tangerina, 10 de canela e 10 de gengibre.

CHÁ DE ESTÍMULO
Quem esquece (ou tem preguiça) de tomar água no frio não pode deixar de tomar chá. A professora de ioga Vanessa De Luca recomenda um chá de gengibre com canela, dois ingredientes estimulantes. A nutricionista Andréa Andrade, da RG Nutri Consultoria, alerta para a importância de manter a hidratação nesta época.

HORA DE MALHAR
Cada um tem uma hora favorita para fazer exercícios. A explicação é o relógio biológico e a secreção de hormônios relacionados a um maior estado de alerta. Preste atenção no seu perfil e obedeça seu horário, seja na manhã ou à tarde. Outra sugestão, do fisiologista Paulo Zogaib, da Unifesp, é fazer atividade física nos horários mais quentes do dia (no inverno, do meio-dia até 14h).
BANHO DE SOL
Dias mais curtos e menos luminosos são uns dos maiores culpados pelo desânimo do inverno. Nessa época, há uma maior liberação de melatonina, o hormônio do sono. Deixar a casa bem iluminada desde cedo é um antídoto, afirma a neurologista Dalva Poyares, do Instituto do Sono da Unifesp. Outra dica é aproveitar o máximo de sol possível. "A energia tem muita relação com a luminosidade. A luz estimula nosso marca-passo de alerta."

PACOTE ANTICÂIMBRA
Aquela contração muscular repentina, de causa desconhecida, mas associada ao esforço do exercício físico, pode aumentar no inverno. Quem tem predisposição deve caprichar numa dieta rica em minerais como sódio, potássio, magnésio e cálcio. Pera, tâmara, papaia, abóbora, camarão e feijão-azuqui são indicados.

RECOMPENSA
A ginástica ajuda a liberar endorfinas, neurotransmissores que têm ação analgésica, anti-inflamatória e que diminuem a ansiedade e o mal estar. Quanto maior o tempo de atividade, maior a liberação da substância, diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Unifesp. "Quando não fazemos exercício, a secreção é pequena e nem percebemos os benefícios." Para quem é sedentário, 30 minutos já podem fazer diferença. Quem já faz algum exercício deve tentar diferentes intensidades.
ESFREGA-ESFREGA
No frio, a pele se retrai, o que diminui a disposição. O coreógrafo e bailarino Ivaldo Bertazzo, da Escola do Movimento, reverte isso com um ritual de esfregação. Antes ou depois do banho, use uns seis minutos para escovar o corpo, caprichando nas articulações ou onde sente alguma dor. Você mesmo deve controlar a força das escovadas, para se aquecer sem machucar, dilatando os vasos sanguíneos. "Você fica menos defendido, menos retraído." Prefira escovas de cerdas sintéticas. "Tem uma moda de cerdas naturais, mas elas são piores, ficam sujas."

DESENFERRUJE
A variação de temperatura diminui a elasticidade das articulações, explica o ortopedista Arnaldo José Hernandez, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. É por isso que, no frio, acordamos mais travados. Logo que acordar, mexa-se devagar para aquecer músculos e articulações. Se for fazer uma atividade física, o aquecimento deve começar bem mais leve e durar mais alguns minutos do que você está acostumado.
ESCALDA-PÉS
Se seus pés insistem em virar pedras de gelo à noite, jogue-os na água quente. Em três litros de água morna, coloque uma colher (sopa) de óleo vegetal de copaíba, cinco gotas de óleo de gengibre e cinco gotas de óleo de laranja. Deixe bolinhas de gude ou seixos no fundo da bacia, para massagear as solas. Diminui o cansaço e prepara para o sono.

BATE-BATE
Bata com um bastão de madeira no corpo todo: ombros, pescoço e costas. O bastão pode ser um pedaço de cabo de vassoura. Os movimentos devem ser intensos e a força, de acordo com o seu bem-estar. A sugestão, de Ivaldo Bertazzo, é para gerar mais elasticidade na musculatura e deixar ela menos encurtada. Outra ideia é bater os pés no chão como se estivesse sapateando, mas sem sapatos.

ANTIDEPRESSÃO
O aminoácido triptofano, presente em alguns alimentos, é um precursor da serotonina, neurotransmissor que ajuda a regular o humor e dá a sensação de bem-estar e prazer. Se consumimos a substância, aumentamos a quantidade de serotonina no organismo. É quase uma ação antidepressiva. Há triptofano na banana, no chocolate e em cereais integrais, diz a nutricionista Paula Gandin.

AUTOMASSAGEM
Experimente manobras do Do-In para vitalidade (veja os pontos na ilustração ao lado). Comece com dois pontos nas costas (B23 e B52), que ativam os rins. Esses órgãos guardam a vitalidade, na visão da medicina chinesa, diz o mestre de Do-In Juracy Cançado. Com o dorso das mãos, esfregue a área por dois minutos.
Outro ponto fica na sola dos pés (R1). Com o polegar da mão oposta, massageie-o para frente e para trás. O último fica no joelho (E36) e é chamado de três milhas -os chineses dizem que dá energia para correr. Com os dedos e a base das mãos, aperte os pontos e as juntas do joelho por dois minutos.

DOSES DE ENERGIA
Fazer lanchinhos de três em três horas mantém o metabolismo sempre ativo, explica a nutricionista Andréa Andrade.Uma boa forma de fornecer energia ao corpo é consumir carboidratos (barrinhas de frutas, cookies integrais, frutas secas ou naturais). Os integrais são melhores porque são digeridos mais lentamente, o que gera energia contínua, e são ricos em vitaminas do complexo B, importantes para o metabolismo energético.

SEM GORDURA
Quem tem o hábito de comer antes de dormir deve evitar alimentos gordurosos. A sugestão da nutricionista Andréa Andrade é preparar leite desnatado com especiarias, como cravo e canela. "O leite é rico em cálcio e tem triptofano, substância que ajuda no sono, além de ser quentinho e dar um conforto térmico."

CHOQUE TÉRMICO
Essa acorda qualquer um, o difícil é ter coragem. Fique 20 minutos em uma banheira com água a mais ou menos 30 graus. Depois, use o chuveirinho para dar jatos de água gelada no corpo, de baixo para cima, por uns 30 segundos. Quem não tem banheira pode tomar uma ducha gelada no fim do banho, ensina Mariela de Oliveira Silveira, médica do Spa Kurotel. A mudança brusca de temperatura ativa a circulação, aumenta a disposição e a imunidade.

EXPIRE...
Em vez de inspirar mais fundo, tente expirar mais fundo. Faça uma contagem: inspire em três segundos e expire em oito. Faça isso sentado ou deitado, com a coluna ereta, e repita várias vezes. O exercício ajuda a eliminar toxinas do organismo, de acordo com Ivaldo Bertazzo.

DESJEJUM DIFERENTE
Teste receitas energéticas no café da manhã. Que tal um suco feito de gengibre batido com limão e açúcar? O gengibre também pode incrementar a vitamina de frutas. Tente usar iogurte natural em vez de leite. Outra ideia é levar uma banana ao forno com melaço de cana, gergelim e amendoim torrado. A nutricionista Paula Gandin sugere ainda um creme de abacates, que pode ser feito salgado ou doce. "O abacate é mal visto por ser calórico, mas a gordura dele ajuda a diminuir o colesterol."

RESPIRAÇÃO LOCOMOTIVA
Não precisa ser iogue para aproveitar o benefício do bhastrika (respiração de fole), exercício respiratório que acelera os batimentos cardíacos e aquece o corpo. Sente-se com a coluna ereta e inspire e expire o ar rapidamente (imitando o barulho de uma locomotiva). Ao soltar o ar, recolha o abdome para expirar mais rápido. É como uma sanfona acelerada. Faça isso por 30 segundos e volte a respirar normalmente. Se estiver se sentindo bem, pode repetir duas vezes, diz Vanessa De Luca, professora de ioga da YogaFlow.

CARDÁPIO TERMOGÊNICO
Há alimentos que aceleram o metabolismo, são os chamados termogênicos. Estão na lista a pimenta, o café, o chá-verde e o gengibre. "Tente colocar mais pimenta nos pratos de sempre", recomenda a nutricionista funcional Daniela Jobst.

SEM SESTA
Feijoada ou lasanha são mais atrativos no inverno, porque precisamos de mais calorias. Mas, por causa da gordura saturada, são de difícil digestão e dão sono. "A energia do corpo todo é direcionada para a digestão", diz a nutricionista funcional Daniela Jobst. Para matar a vontade de gordura e manter a disposição,coma frutas oleaginosas (nozes, macadâmia) e chocolate meio amargo.

Brasil aprova uso de botox para tratamento de enxaqueca

DENISE MENCHEN
DO RIO

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de injeções de botox para o tratamento de enxaqueca crônica. Antes do Brasil, só EUA e Inglaterra haviam autorizado a aplicação do produto no tratamento da doença.

Toxina é usada em crianças com paralisia cerebral

A aplicação do botox, marca da farmacêutica Allergan para a toxina botulínica tipo A, foi aprovada como uma forma de prevenir crises.

A substância é injetada em até 39 pontos da cabeça e do pescoço do paciente. O mecanismo de ação da droga não é totalmente conhecido.
Acredita-se que a toxina iniba a inflamação dos vasos sanguíneos da cabeça e que ela altere a percepção da dor.

A enxaqueca é causada por um desequilíbrio bioquímico de origem hereditária que leva à inflamação de vasos sanguíneos da cabeça.

As crises podem ser desencadeadas por fatores hormonais, alimentares ou emocionais. Jejum prolongado e estresse são alguns dos "gatilhos" da dor.


EFEITO TERAPÊUTICO

A toxina é feita pela bactéria causadora do botulismo, doença que leva à paralisia muscular e até à morte. Seu uso terapêutico foi aprovado pela primeira vez há 20 anos, nos EUA, para tratar estrabismo.

Desde então, passou a ser usada no tratamento de mais de 20 problemas estéticos e de saúde, das rugas às sequelas de derrames. Na maioria dos casos, o benefício à saúde é obtido porque a toxina deixa os músculos mais relaxados.

MENOS DIAS

Para aprovar a indicação do botox contra enxaqueca, a Anvisa usou uma pesquisa com 1.384 voluntários nos Estados Unidos e na Europa.

O estudo mostrou que, após seis meses de tratamento, aqueles que receberam aplicações de botox tiveram 8,6 dias a menos de enxaqueca por mês. Entre os que receberam placebo, a queda foi de 6,6 dias.

A enxaqueca é considerada crônica quando o paciente tem episódios de dor ao menos 15 dias por mês, por três meses seguidos.

Apesar de pequena, "a diferença é estatisticamente significativa", afirma o neurologista Elder Sarmento, presidente da Sociedade Latino-Americana de Cefaleia.

Segundo ele, os efeitos colaterais mais comuns do tratamento são dor no pescoço, fraqueza muscular e cefaleia.

O efeito da toxina é temporário, e, por isso, o tratamento precisa ser repetido, com periodicidade de três a seis meses. "O botox não é a solução, mas é uma nova alternativa para o tratamento", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Marcelo Ciciarelli.

E o SUS vai pagar por isso??

Casos de sinusite triplicam no inverno; saiba identificá-la

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Os casos de sinusite triplicam nessa época do ano, dizem os especialistas. E tudo parece conspirar para que isso aconteça --a temperatura mais baixa, o ar seco, as gripes e os resfriados.

Há três tipos de sinusite: bacteriana, viral e fúngica --esta última, mais rara. "Cerca de 85% a 90% dos casos estão relacionados com gripes e resfriados", diz o otorrinolaringologista Wilson Ayres Wilson Ayres, do Hospital São Luiz


A viral, mais frequente, é quase um sintoma da gripe e, muitas vezes, passa despercebida. A coriza e a congestão nasal, comuns no resfriado, dão a sensação de desconforto e dor de cabeça, principalmente pela manhã. Mas os sintomas passam com o fim da gripe. Ou deveriam passar. "Desde que a pessoa esteja com a imunidade normal e que tome algumas precauções", afirma o presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, José Eduardo Lutaif Dolci.

Se passar de dez dias, é sinal de que a inflamação se transformou em uma infecção causada por bactérias. É o tipo de sinusite que mais leva as pessoas ao médico e que deve ser tratada com medicação e com algumas mudanças de comportamento.

"A infecção por bactéria não é o mais preocupante. Temos sinusite porque o nariz deixou de funcionar bem e de se proteger contra as doenças", afirma Richard Voegels, otorrino do Hospital das Clínicas de SP.

O grande problema da sinusite é a secreção (ou coriza) parada. Uma crise de rinite, a poluição ou o ar seco pode fazer com que a mucosa inche ou que a secreção seque, concentrando o muco nos seios da face.

Além de tomar mais água, pingar soro fisiológico mantém o nariz úmido e evita os malefícios do ar seco.

Também é preciso deixar o nariz sempre limpo e, se possível, destrancado. Mas não é indicado o uso de descongestionante em gotas, com vasoconstritor. Só em casos pontuais e por, no máximo, dois dias, segundo Ayres.

Se não tratada corretamente, a crise de sinusite aguda pode se tornar crônica e até causar outras complicações, como meningite e inflamações no ouvido.

Falha provoca recall de 11,6 mil passaportes


Caro pra caramba e ainda vem com defeito! Sem o menor respeito com o usuário. E ainda diz que não terão nenhum acréscimo..teriam é que receber um novo e ter o dinheiro devolvido pelo trabalho que terão para trocar!!!

A Casa da Moeda produziu 11.601 passaportes com erros nos chips para identificação do cidadão brasileiro em sua chegada a outro país, informa reportagem de Matheus Leitão, publicada na edição desta quarta-feira da Folha.

Os passaportes defeituosos foram feitos de 2 de março a 6 de abril, conforme documentos obtidos pela Folha --no período, foram produzidos 170 mil documentos.

O erro ocorreu porque um programa eletrônico da Casa da Moeda, que passou a fabricar o novo modelo em 10 de janeiro, não repassou para o chip alguns sinais gráficos dos dados pessoais. Os caracteres estão corretos na parte impressa.

Mas a falha no chip pode gerar inconsistência na leitura dos dados em aeroportos, portos e postos de fronteiras de países que têm leitores para passaportes eletrônicos.

Donos de passaportes defeituosos estão sendo avisados para fazer a troca nos locais onde foram emitidos.

Governo quer manter em sigilo orçamentos da Copa de 2014

O governo federal quer manter em segredo orçamentos feitos pelos próprios órgãos da União, de Estados e municípios para as obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada do Rio em 2016, revela reportagem de José Ernesto Credendio e Maria Clara Cabral na edição desta quinta-feira (16) da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

A decisão foi incluída de última hora no novo texto da medida provisória 527, que cria o RDC (Regime Diferenciado de Contratações), específico para os eventos. Com a mudança, não será possível afirmar, por exemplo, se a Copa-2014 estourou ou não o orçamento.

O Ministério das Relações Institucionais disse à Folha que o caráter sigiloso do orçamento estava "implícito" no texto anterior e que a mudança ocorreu para deixar a redação "mais clara".

O texto básico da medida foi aprovado na noite desta quarta-feira (15) pela Câmara dos Deputados. A proposta ainda pode ser modificada, pois os destaques ficaram para ser apreciados apenas no fim do mês.

O regime proposto permite acelerar a construção de estádios e outros itens de infraestrutura para a realização dos dois eventos esportivos. Deputados oposicionistas têm reclamado da medida provisória alegando que abre brecha para "corrupção".

Em maio, um parecer do Ministério Público Federal classificou de "inconstitucional" o texto da medida provisória encaminhada ao Congresso que propunha os mecanismos para driblar a Lei de Licitações.

Segundo o parecer, o texto encaminhado ao Congresso violava os princípios da "competitividade, isonomia e da impessoalidade" porque permitia a realização de contratos sem que haja um limite para o aumento de custos além do valor original.
Editoria de Arte/Folhapress

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estudos mostram o que passa pela cabeça dos animais


Golfinhos são sádicos, vacas têm inimigas, gatos e cachorros são experts em dissimulação e galinhas fazem planos para o futuro. A ciência revela o universo oculto no cérebro dos animais
por Eduardo Szklarz e Alexandre Versignassi
"Numa manhã, enquanto Gregor Samsa acordava de sonhos inquietantes, descobriu que tinha se transformado num inseto monstruoso. As várias pernas, miseravelmente finas em comparação com o resto do corpo, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos. ´O que aconteceu comigo?´, pensou." Sim: este é o começo de A Metamorfose, do Franz Kafka: Gregor Samsa acorda transformado numa barata. É tudo uma alegoria sobre a solidão, a timidez... Mas se acontecesse essa desgraça com você na vida real, não precisaria se preocupar: uma barata é só uma máquina programada para encontrar comida e fugir de chineladas. É burra como um glóbulo branco. Uma barata não sabe que é uma barata. Você não teria nojo de você mesmo se acordasse como uma - só iria pensar em comer uma lata de Nescau na cozinha. Mas um golfinho sabe que é um golfinho. Um elefante sabe que é um elefante. Um cachorro sabe que é... gente. O incrível é que, até há pouco tempo, a ciência não aceitava isso. Dividia tolamente a vida entre "humanos" e "animais" - como se uma baleia tivesse mais a ver com uma ameba do que com você. A noção geral dos cientistas hoje é bem mais complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos, chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo. É como comparar um Porsche com um Fusca: há uma clara diferença de nível entre eles, mas ambos são carros. E saíram da prancheta do mesmo projetista.

O próprio Charles Darwin é um precursor da noção moderna de como a ciência vê os animais. Para o homem que descobriu a identidade do projetista de homens e animais (a seleção natural), a mente parecia seguir uma certa continuidade ao longo da evolução das espécies. Os bichos mais abaixo na escala evolutiva também teriam inteligência e sentimentos, só que em níveis distintos. E Darwin estava certo. "As evidências de hoje indicam que muitos animais sentem alegria, tristeza, pena...", diz o biólogo Marc Bekoff, da Universidade do Colorado.

Claro que as pesquisas têm limitações: não existe uma máquina capaz de entrar na cabeça de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha e mostrar o que é ver o mundo com os olhos de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha. Mas dá para chegar mais perto do que você imagina.

CONSCIÊNCIA

Um camaleão não sabe que está mudando de cor quando se camufla. Cobras não têm consciência de que enganam predadores quando se fingem de mortas. E pelicanos voam numa formação em V sem compreender que assim poupam energia e facilitam a comunicação entre o bando e o líder. Tudo isso é obra da seleção natural. Tem tanto a ver com inteligência quanto não conseguir tirar os olhos de uma outra pessoa porque ela é bonita. É instinto cego, obra da natureza.

Por outro lado, um corvo que entorta um arame com o bico para utilizá-lo como vara de pesca não está agindo de forma programada. Corvos fazem isso para fisgar peixes. E tiveram de ser criativos para isso, tanto quanto nós, humanos, quando inventamos nossas varas e anzóis num dia qualquer há 80 mil anos. Os corvos agregaram uma nova ferramenta ao seu kit de instintos. Mas chamar isso de inteligência pode, Arnaldo? Pode, Galvão. Não só pode como deve.

Mas para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar pra ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí, sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.

"Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o focinho", diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.

Assim, o universo dos cachorros é um estrato de cheiros diferentes. Talvez por isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo que não concluam que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro diferente, então não interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças aos odores que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão e bexiga também já foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas nem vem, cachorrada: nossa capacidade de ler placas lá longe na estrada deixaria vocês morrendo de inveja...

Bom, para sentir inveja, um animal precisaria ter autoconsciência - uma noção ampla sobre quem ele é no mundo. Chimpanzés, por exemplo, têm sentimentos complexos como inveja e vergonha (escondem o rosto quando fazem alguma besteira). E quem tem vergonha não é menos consciente que nós.

O teste mais clássico para auferir consciência é o do espelho. Seu cachorro ou gato não passa por essa prova. Mas chimpanzés, elefantes e golfinhos fazem isso sem problema. Eles não só sabem quem e o que são como têm o poder de analisar o que os outros estão pensando. A primatologista Jane Goodall observou que um chimpanzé evita até olhar para uma fruta enquanto outros chimpanzés estão presentes - só para abocanhá-la inteira quando está sozinho. Alguns tampam a cara para impedir que os outros saibam que estão com medo. Tudo bem que falar de chimpanzés é covardia: geneticamente, eles estão mais próximos de nós que dos gorilas - se um ET chegasse à Terra, provavelmente não saberia distinguir a Scarlet Johanson de uma chimpanzé mais ajeitada. Ele pensaria: "Essa macacada é tudo igual"... Você não acha que ovelha, por exemplo, é tudo igual? Claro. Mas as ovelhas não. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge mostrou que elas identificam o rosto de pelo menos outras 50 ovelhas. É isso aí: até os animais menos brilhantes podem surpreender. Mas nenhum é tão malandro quanto os que a gente tem dentro casa.

ESPERTEZA

Poucas coisas incomodam tanto quanto choro de gato com fome. Parece que ele vai morrer se você não der comida na hora. Mas não se desespere: pode ser um truque do bichinho. A cientista Karen McComb, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que alguns gatos emitem uma súplica de alta frequência, similar ao choro de um bebê, que dispara um senso de urgência no cérebro humano. Resultado: os donos se sentem compelidos a alimentá-los. Isso é um instinto que animais domésticos desenvolvem. Eles nascem sabendo isso. Então não é indício de inteligência para valer, certo? Errado: "Dos gatos que analisamos, só choravam assim os que viviam em casas habitadas por uma só pessoa. Ou seja: gatos aprendem a enfatizar dramaticamente o choro quando vivem com humanos numa relação de um para um", diz McComb.

Com esse miau histérico, Garfield e sua turma dão um show de inteligência emocional: eles sacam a fraqueza do dono para manipulá-lo. Cachorros não são menos malandros. Eles também fazem suas demandas de acordo com o público da casa. "Cães aprendem rápido quem são as pessoas que podem colaborar e as que não lhes dão bola", diz Horowitz.

Eles fazem isso melhor que qualquer outro animal. Num ranking de inteligência emocional, os cães seriam os campeões, de longe. O segredo deles é o contato visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo com ele. Essa habilidade é um atributo evolutivo: cães são descendentes de lobos que trocaram a matilha pelas aglomerações humanas há 13 mil anos. Os que melhor emulavam o comportamento humano (incluindo aí a habilidade de ler a mente do outro olhando nos olhos) cresceram e se multiplicaram porque viraram os preferidos dos humanos. Os que não tinham esse dom ficaram pelo caminho. E hoje todo cão é um expert em contato visual. Como eles sabem aplicar essa habilidade inata para resolver desafios (identificar seus potencias colaboradores entre os humanos da casa), não há como negar sua inteligência.

Mas o brilho da mente dos cachorros e gatos não chega perto da de um concorrente quase descerebrado: o papagaio. Um exemplar da espécie, Alex, contava até 6 e manejava um vocabulário equivalente ao de uma criança de 2 anos. O papagaio, morto em 2007, aos 31 anos, também distinguia objetos pelo formato, cor e composição. Sua treinadora, Irene Pepperberg, lhe mostrava 5 objetos de plástico (3 amarelos, 1 roxo e 1 vermelho) e um pedaço de madeira verde. Depois perguntava: "Qual é o material verde, Alex?". Ele respondia: "Madeira". E quando ela indagava "Quantos amarelos tem aqui?", ele tirava de letra: "Três".

Essa capacidade de entender o mundo somada à habilidade que os papagaios têm de imitar nossa voz fazia com que Alex fosse visto como uma pessoa com asas, um desenho animado ao vivo. Era a noção humana de inteligência encarnada numa ave com o cérebro do tamanho de 3 castanhas-do-pará.

Por essas Alex jogou uma pá de cal numa antiga noção da ciência: a de que sempre há uma relação direta entre o tamanho do cérebro e a capacidade cognitiva. Com seu cérebro de 9 g (o nosso tem 1 500 g), o papagaio era mais perspicaz que um cachalote - dono do maior cérebro do planeta, com quase 8 quilos. A proporção entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo também não diz tudo, pois favorece bichinhos nada brilhantes. No esquilo, por exemplo, a relação entre o tamanho do cérebro e o do corpo é de 3%, contra 2% no homem.

Outra explicação clássica é o tamanho do neocórtex. É a parte mais externa do cérebro, justamente a que evoluiu por último no reino animal. Só os mamíferos têm (e o nosso é enorme). Mas hoje sabbe-se que ele não é indispensável para o pensamento. Alex, que não era mamífero, não tinha neocórtex. Mas raciocinava. E outros pássaros também dão show de inteligência. Principalmente os corvos. O zoólogo de Cambridge Christopher Bird (piada pronta: bird, hehe) viu corvos jogando pedras dentro de um reservatório para fazer subir o nível da água e, assim, poder tomá-la. Eles selecionavam as pedras maiores para que a água subisse mais rápido. Nas praias do norte da Europa, corvos pegam conchas com o bico na areia. Levam até o alto e jogam em cima das pedras. Depois de alguns arremessos as conchas quebram e eles comem o recheio. Seus parentes de áreas urbanas fazem a mesma coisa. Só que jogam as conchas na faixa de pedestre das avenidas à beira-mar, esperam os carros passar por cima e catam o recheio quando o sinal fica vermelho. É fato: os corvos entendem causalidade ("se eu fizer X, acontecerá Y"). Em outras palavras, eles pensam muito bem. E melhor do que qualquer outro animal, fora os primatas e cetáceos.

LINGUAGEM

O Homo sapiens é o único animal capaz de dominar sintaxe, formar frases complexas e registrar o que pensa. Fato. Mas alguns bichos podem compreender a nossa linguagem quase como se fossem uma pessoa - embora não consigam reproduzi-la com a desevoltura de um papagaio .

Que o diga Kanzi, um bonobo (parente do chimpanzé) criado pela pesquisadora americana Sue Savage-Rumbaugh. Ele cresceu exposto ao nosso vocabulário e domina 400 palavras. Como não pode falar, Kanzi forma frases apontando para um glossário com símbolos. Eles representam de substantivos e verbos simples, como "banana" e "pular", a conceitos complexos, como "antes" e "depois". Kanzi pode até conjugar verbos - inclusive no passado e no gerúndio. É mais ou menos como você tentando se virar numa viagem para o Camboja. Você pode até voltar entendendo algumas palavras do cambojano, mas dificilmente vai ter aprendido a conjugar algum verbo. É bem mais difícil. E olha que cambojanos e brasileiros são todos animais da mesma espécie. Ponto para Kanzi, então.

Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas, palavras representadas por sons de computador formavam 2 mil frases. Quando os golfinhos ouviam "ESQUERDO BOLA BATER", por exemplo, entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido "PRANCHA PESSOA ÁGUA" era para que levassem uma prancha a uma pessoa que estava na água. Já "PESSOA PRANCHA ÁGUA" era para levar a pessoa à prancha na água. Não existe diferença entre fazer isso e apremder um idioma. Ponto para os golfos.

Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser, uma border collie. A cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a maioria brinquedos, mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática.

Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem compreender parte da linguagem humana. Mas o que isso importa para os outros animais de sua espécie? Kanzi não vai usar seu glossário com bonobos que vivem na floresta. E Chaser pode até aprender versos de Shakespeare, mas será inútil tentar esbanjar seu intelecto com outros cães. Mas a ideia de que eles praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas fazem isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes de alimentos.

Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe confere uma voz individual.

Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda falta muito para decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é difícil captar uma conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso, cada sinal varia conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da situação, uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer "tchau", "pare" ou "custa R$ 5".

O mistério sobre a língua dos golfinhos - e a das baleias, que se comunicam de um jeito parecido com o de seus primos - continua. Mas a tecnologia pode dar uma força. Merlin, um golfinho nariz-de-tesoura que vive em Puerto Aventuras, no Caribe mexicano, é o primeiro de sua espécie a usar iPad. Seu treinador, Jack Kassewitz, espera que a tela sensível ao toque do focinho comece a facilitar a comunicação entre humanos e cetáceos. Bom, tomara que eles não fiquem só jogando Angry Birds, como fazem os humanos quanto colocados diante do tablet.

EMOÇÕES

Falando em Angry Birds, passarinhos não só ficam nervosos como amam também. Mais de 90% das aves são monogâmicas. Gansos e corvos passam a vida fiéis a um único parceiro - já os casais de pombos não são tão pombinhos assim: eles traem; mas não tiram a aliança da pata. "Desconfio que aves se apaixonam mesmo, porque alguma recompensa interna [a sensação boa de amar alguém] é necessária para manter um relacionamento de longo prazo", diz o biólogo Bernd Heinrich, da Universidade de Vermont, EUA.

É realmente improvável que o amor tenha aparecido entre os Homo sapiens sem nenhum precursor na escala evolutiva. E, como imaginou Darwin, o mesmo vale para o prazer, a dor... e a saudade.

Veja o caso dos cachorros. A espécie evoluiu para se tornar mais que uma subespécie de lobo. Emocionalmente ele está mais para um humano de quatro patas. Na alegria e na tristeza. Alguns se recusam a comer quando o dono vai viajar e voltam a aceitar o prato depois de ouvir a voz de seus pais humanos no telefone. É uma forma primitiva de saudade.

Mas poucos animais mostram suas emoções com tanta clareza quanto os elefantes. Eles ficam de luto, por exemplo. Quando reconhecem a ossada de um membro do grupo, eles gentilmente se reúnem em volta dele. Joyce Poole, que estuda elefantes há mais de 30 anos, acredita que órfãos dessa espécie sofrem de depressão, até: filhotes que presenciaram a mãe ser morta acordam gritando. Chimpanzés órfãos também são emotivos: passam horas se despedindo do corpo da mãe. Vacas também têm seus momentos down. Mas a maior característica delas é outra: são fofoqueiras. Formam pequenos grupos de amigas, têm rixas com outras vacas e guardam rancor por anos. Elas também sentem prazer ao vencer desafios. Um estudo da Universidade de Cambridge mostrou que, quando elas aprendiam a abrir uma porta para obter comida, por exemplo, suas ondas cerebrais e seus batimentos cardíacos mostravam um alto nível de excitação. Acontecia a mesma coisa quando elas estavam prestes a transar - mesmo quando quem vinha por trás era outra vaca, brincando de montar em cima dela.

O prazer com o sexo também parece universal. E entre os mamíferos é parecido com o nosso. Às vezes, melhor. As fêmeas de bonobo têm órgãos sexuais enormes, do tamanho de bolas de futebol. E clitóris comparável a um dedo. Elas passam o dia se masturbando e chamando para a cama qualquer macho que passe pela frente - até por isso os bonobos são os mais pacíficos entre os grandes macacos: os homens não brigam por mulher. E mulher não briga por homem: na falta de macho, elas se viram entre si.

Nada é tão comum entre nós e as outras coisas vivas do mundo quanto a busca pelo prazer. Hipopótamos estiram as pernas para deixar que os peixes mordisquem seus dedos, numa verdadeira sessão de massagem. Os batimentos cardíacos dos cavalos caem quando têm o cabelo da nuca escovado. Eles relaxam. O perfume Obsession for Men, da Calvin Klein, é atrativo para fêmeas de guepardos. E existe o prazer em fazer o mal também. Golfinhos, por exemplo, têm um lado sádico: se aproximam sorrateiramente de gaivotas que descansam na água, dão um caldo nelas e as liberam depois de mantê-las alguns segundos debaixo d’água, sofrendo.

Mas o macaco rhesus, um primata asiático com jeito de babuíno, está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade Northwestern, EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre que eles faziam isso outros rhesus levavam um choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram. Mas com outros foi diferente. O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: "Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros". Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.



GALINHAS FAZEM PLANOS

Galinhas se preocupam com o futuro. Cientistas ensinaram galinhas a bicar 2 botões para obter 2 recompensas distintas. Com o botão 1 elas esperavam pouco (2 segundos) para obter pouca recompensa (3 segundos de acesso a comida). Com o 2, elas esperavam muito (6 segundos) para obter muito (22 segundos de comilança). A conclusão? A pesquisadora britânica Christine Nicol resume: "Com incentivo, as galinhas foram capazes de exercer auto-controle".


LÍNGUA PRIMATA

O vervet aqui em cima, um miquinho africano, tem um idioma próprio. É um sistema de alarmes sonoros, em que cada grunhido corresponde a um predador. Grandes macacos, como chimpanzés, também usam gestos e expressões faciais. E tentam levar vantagem em tudo. Um macaco que tem uma lesão na pata e descobre que, enquanto estiver ferido, não é atacado pelo macho dominante, continua mancando na frente dele depois de a ferida ter sarado completamente.

QI canino
Os mais inteligentes
• Border collie
• Poodle
• Pastor alemão
• Golden retriever
•Doberman

Os mais ou menos
• Dálmata
• Husky siberiano
• Greyhound
• Boxer
• Dinamarquês

Os menos
• Shih-tzu
• Chow chow
• Buldogue
• Basenji
• Afghan hound

Os mais espertos
1º Grandes macacos e cetáceos
Chimpanzés, gorilas, golfinhos e baleias se comunicam bem entre si e se entendem com os humanos.

2º Corvídeos
São aves superdotadas. Vivem em sociedades complexas, se reconhecem no espelho (coisa rara no mundo animal). E confeccionam ferramentas.

3º Carnívoros sociais (leões, hienas, lobos)
Não são grandes crânios, mas na hora da caça cooperam com mais eficiência que um time de futebol. Os cachorros, parte desse grupo, são os que melhor entendem nossa mente.

4º Animais de rebanho (vacas, cabras)
Têm cara de burros. São burros. Mas mantêm alguns vínculos sociais. E sentem prazer, excitação e ansiedade.

Para saber mais

A Cabeça do Cachorro
Alexandra Horowitz, Best Seller, 2010

Minding Animals
Marc Bekoff, Oxford University Press, 2002

Wild Minds
Marc Hauser, Henry Holt, 2000

Por que um Rolex vale muito?


Rolex tem mais tecnologia do que a sua casa
O relógio favorito dos ladrões pode custar de R$ 10 mil até o preço de uma casa. Mas o Rolex não é só um objeto de status. E chega a profundidades onde Luciano Huck algum jamais esteve
por Alexandre Versignassi e Eduardo Szklarz
A OSTRA E...
Está escrito Oyster Perpetual (ostra perpétua) em todo Rolex. "Ostra" é o nome da caixa blindada, à prova d’água. Ostras, porém, agüentam 650 m de profundidade, no máximo. Já o Rolex mais mergulhador, o Deepsea, suporta 3 900 m - agradeça ao fundo de titânio e ao vidro de 0,5 cm de espessura. Vidro não: safira (sintética, mas ainda assim safira, coisa bem mais sólida que vidro).

ÔNIBUS ESPACIAL
O Champion, um clone do Rolex popular nos anos 80 e feito de plástico, tinha anéis de várias cores. Dava para trocar e tudo. O de verdade não tem nada disso. Champion 1 X 0 Rolex. O anel do original, porém, é de cerâmica de ônibus espacial - o nariz preto das naves é de cerâmica, para resistir às dores da reentrada na atmosfera. Champion 1 X 1 Rolex. Hehe.

...O PERPÉTUO
Não é a ostra que é perpétua. Mas o relógio mesmo. Rolex não tem bateria nem corda. A energia de que os ponteiros precisam vem do "rotor perpétuo": um peso em forma de meia-lua que gira livre em torno do próprio eixo. Os movimentos do braço fazem ele girar e a força é liberada a conta-gotas para os ponteiros. A autonomia fora do pulso é pequena: 50 horas.

PEITO DE AÇO
Todo relógio tem caixa de aço inoxidável. Os mais chiques usam aço 316 L - 5 vezes mais resistente à corrosão e quase inarranhável. Os Rolex usam aço 904L, bem melhor e mais caro, criado para a indústria química - que precisa de materiais virtualmente à prova de corrosão. É um aço tão duro que a empresa teve que desenvolver uma prensa de 250 toneladas para moldar os relógios.

PLATINA
Um dos slogans da Rolex é dizer que "tratamos nosso aço como se fosse metal precioso". Mas é só um agrado para os clientes pobres, que não podem comprar as versões de ouro - as que passam fácil dos R$ 100 mil. Mas se "ouro vale mais do que dinheiro", como dizia o Silvio Santos, tem um Rolex que vale mais do que o de ouro: o Everose - rosadinho, feito de uma liga de ouro e platina.

A DESCULPA
Uma das justificativas para o preço alto é que a Rolex não terceiriza nada. Da laminagem do aço aos testes de resistência da pulseira, tudo é feito nas 4 sedes da empresa, na Suíça. Só fabricar o mostrador demanda 60 operações manuais. Mesmo assim o ritmo de produção é chinês: a Rolex fabrica mais de 2 mil relógios por dia e o faturamento anual é na casa dos bilhões de dólares.

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Psicopatas na Empresa

Psicopatas S.A.
Ele vai a todo happy hour, é companheiro de cafezinho e ouve você reclamar do salário. Não confie tanto nesse colega de firma - é 4 vezes mais comum encontrar psicopatas nas empresas do que na população em geral por Mauricio Horta
Luana conseguiu o emprego com que sempre sonhou. Era em uma empresa farmacêutica conhecida por seu ambiente competitivo, mas também por bons salários e chances de crescer profissionalmente. Nova no escritório, logo ficou amiga de Carlos, um sujeito atencioso de quem recebeu até umas cantadas.


Em poucos meses, apareceu a oportunidade de Luana liderar seu grupo na empresa. Parecia bom demais não fosse uma inquietação ética. Ela desconfiava que a companhia garantia a venda de seus produtos graças a subornos a médicos. Isso incomodava tanto Luana que, durante um intervalo para um lanche, ela desabafou com o amigo Carlos. Ele também parecia indignado com a situação. Seria uma conversa normal entre colegas de trabalho - se Carlos não tivesse se aproveitado. Em um momento de distração de Luana, ele pegou o celular da colega e ligou para o chefe de ambos. Caiu na secretária eletrônica, que gravou toda a conversa seguinte entre Carlos e Luana. A moça, grampeada, chegou a questionar se o chefe poderia ter algo a ver com os subornos. Acabou demitida por justa causa. Carlos tomou o lugar de líder que seria dela.

A história é real (os nomes foram trocados). E esse Carlos, um cretino, não? Na verdade é pior: ele age exatamente como um psicopata. Há 69 milhões de psicopatas no mundo, o que dá 1% da população em geral. Então, no fim da história, Carlos faz picadinho de Luana, certo? Errado. Sim, há muitos psicopatas violentos, como Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes ou Pedrinho Matador, que afirmava ter assassinado mais de 100 pessoas. Por isso a cadeia é um dos dois lugares em que se encontram muitos psicopatas. Eles são 20% da população carcerária e 86,5% dos serial killers. Mas um psicopata não necessariamente vira assassino. Na verdade, ele vai atrás daquilo que lhe dá prazer. Pode ser dinheiro, status, poder. É por isso que outro lugar fértil em psicopatas, além da cadeia, é a firma.

Pode ser uma empresa pequena, como a loja de sapatos da esquina. Pode ser uma fundação, uma escola. O importante é que o psicopata enxergue ali a chance de controlar um grupo de pessoas para conseguir o que quer. Mas poucos lugares dão tanta oportunidade para isso do que uma grande companhia. "Psicopatas são atraídos por empregos com ritmo acelerado e muitos estímulos, com regras facilmente manipuláveis", diz o psicólogo Paul Babiak, especialista em comportamento no trabalho.

Até 3,9% dos executivos de empresas podem ser psicopatas, segundo uma pesquisa feita em companhias americanas. Uma taxa de psicopatia 4 vezes maior do que na população em geral. Eles não matam os colegas, mas usam o cargo para barbarizar. Cancelam férias dos subordinados, obrigam todo mundo a trabalhar de madrugada, assediam a secretária, demitem sem dó nem piedade. Isso quando não cometem crimes de verdade. Um terço das companhias sofre fraudes significativas a cada ano, de acordo com uma pesquisa de 2009 realizada pela consultoria PriceWaterhouseCoopers, que analisou 3 037 companhias em 54 países. Por causa dessas mutretas, cada uma perde, em média, US$ 1,2 milhão por ano. Muitos desses golpes podem ser obra de psicopatas corporativos.

"Eles são capazes de apunhalar empregados e clientes pelas costas, contar mentiras premeditadas, arruinar colegas poderosos, fraudar a contabilidade e eliminar provas para conseguir o que querem", diz Martha Stout, psiquiatra da Escola Médica de Harvard por 25 anos e autora do livro Meu Vizinho É um Psicopata. E fazem isso na cara dura, como se não estivessem nem aí para o sofrimento alheio. É que, na verdade, eles não estão ligando nem um pouco mesmo.

Como os colegas mais violentos, os psicopatas de colarinho branco não pensam no bem-estar dos outros, nem sentem culpa quando pisam na bola. Por isso passam por cima de regras, estejam elas formalizadas em leis ou somente estabelecidas pela ética e pelo senso comum. Acontece que o cérebro deles é diferente de um cérebro normal. No caso do psicopata, a atividade é maior nas áreas ligadas à razão do que nas ligadas à emoção, o que o faz manter-se impassível diante de tragédias - seja um gatinho em apuros, seja uma chacina em um orfanato. (veja mais no quadro da página 53). Como não consegue se colocar no lugar dos outros, o psicopata usa e abusa dos amigos - puxa o tapete dos colegas sem se preocupar com código de conduta corporativo ou consequência na vida alheia.


Pega na mentira

Graduação em universidade concorrida. Pós-graduação no exterior. Livros publicados. "Empregadores sabem que 15% ou mais dos currículos enviados para cargos executivos contêm distorções ou mentiras deslavadas", afirma Babiak. "Psicopatas fazem isso. Podem fabricar um histórico feito sob medida para as exigências do trabalho e bancá-lo com referências falsas, portfólio plagiado e jargão apropriado." Claro, com algumas perguntas específicas um entrevistador é capaz de desmascarar candidatos mentirosos. O problema é que um psicopata tem tudo para deitar e rolar em uma entrevista de emprego.

Muitas vezes o entrevistador não está tão preocupado com o conhecimento técnico do candidato. Quer mais é saber se ele é capaz de tomar decisões, relacionar-se com pessoas, motivar equipes. "A ‘química’ entre candidato e avaliador tem muita importância", diz o psicólogo. E aí um psicopata conta com um trunfo maior do que qualquer MBA: tranquilidade. Ele não vai passar horas em frente ao espelho decidindo a melhor roupa para a entrevista. Nem vai sentir as mãos suarem por medo da conversa. Um psicopata terá a segurança necessária para engabelar o avaliador, usando alguns termos técnicos, um punhado de histórias de competência no trabalho e um sorriso aberto que dirão em conjunto: "Sou a pessoa certa para a vaga".

O segredo desse charme todo está em saber "ler" as pessoas. Psicopatas podem não ter emoções, mas conseguem analisar muito bem como e por que as outras pessoas se emocionam. São estudiosos da natureza humana, prontos a usar o que aprenderam para o próprio interesse. Descobrem os hábitos e gostos dos colegas, se aproximam, criam um vínculo aparente. Assim conseguem convencer a colega de coração mole a fazer o trabalho por eles no fim de semana. Ou extrair informações sigilosas da secretária do presidente. Ou botar a culpa nos outros pelos problemas que aparecem. Aquela concorrente obstinada e perfeccionista conseguiu se promover trabalhando até as madrugadas? Ela não ia gostar de ouvir que é uma folgada e só conseguiu aumento se engraçando com o chefe. Bingo: basta espalhar essa história por aí para atingi-la. Desequilibrada pelo fuxico, ela poderia se tornar em breve um obstáculo a menos.

Atitudes assim passam despercebidas em empresas que estimulam a competição entre os funcionários. Se a companhia está obcecada pelos resultados que cada empregado gera, é possível que não preste tanta atenção ao cumprimento da ética no ambiente de trabalho. Movida a competitividade, a empresa americana de energia Enron foi do estrelato ao fundo do poço por causa de fraudes cometidas por executivos do mais alto escalão. A empresa começou o ano de 2001 como uma gigante, com faturamento de US$ 100,8 bilhões. Seus empregados sabiam que precisavam trabalhar como loucos. Todo semestre, um ranking interno nomeava os 5% melhores funcionários. Em seguida vinham os 30% excelentes, os 30% fortes, os 20% satisfatórios e, por último, os 15% que "precisavam melhorar". Se não melhorassem até a próxima avaliação, eram mandados para o olho da rua. E quem avaliava as pessoas? Os próprios colegas. O sistema parecia impulsionar a produtividade. Até que descobriram que a competição impulsionava mesmo eram falcatruas para garantir uma boa posição interna. No fim de 2001, fraudes que somavam US$ 13 bilhões engoliram a empresa. A Enron faliu. "Algumas compa­nhias competitivas contratam pessoas tão agressivas e ambiciosas que acabam deixando para trás questões importantes do mundo da moral", afirma Roberto Heloani, psicólogo social e professor de gestão da FGV de São Paulo e da Unicamp.

Ainda que a companhia ofereça um ambiente propício à trairagem, o psicopata precisa procurar a hora certa para agir. Vítima de Carlos, Luana teve seu momento de fraqueza - bobeou, dançou. Empresas também têm seus momentos de fraqueza. Quando uma companhia compra um concorrente, seu caixa fica pobrinho, vazio. Muito dinheiro saiu de lá, e os acionistas estão ansiosos para saber quando o gasto dará retorno. O que algumas fazem, então? Procuram alguém capaz de produzir um milagre e encher o cofre de novo rapidinho. É aí que o psicopata se apresenta como o melhor gestor. Claro que é mentira - ele apenas tem maior capacidade de manipular sua imagem e vender ilusões. "Sem tempo para fazer uma análise minuciosa, as empresas compram essa imagem", diz Heloani.

Outra chance de dar o bote: crise na firma. Essa é a hora, geralmente, em que é preciso cortar gastos. E os chefes são pressionados a ser agressivos. Cortar despesas em 20%, 30% não é fácil. Quer dizer, se você for frio, não tiver medo das consequências nem se importar com os sentimentos alheios, até fica moleza. Coloque comida vencida no refeitório da firma para alimentar os funcionários. Fraude a contabilidade e entregue relatórios que escondam gastos e aumentem a receita - e o problema fica resolvido apenas com uma canetada.

Quando não houver mais o que chupinhar, o psicopata simplesmente sai do emprego. "Talvez você não tenha o emprego mais interessante do ponto de vista financeiro, mas pode preferir ficar na empresa por causa das relações afetivas com os colegas e com seu trabalho. Já um psicopata dificilmente cria vínculo", afirma Heloani. E se for pego antes de sair? Simples: ele mente. Culpa os outros, as circunstâncias, o "sistema", o destino, ou a própria empresa. Inventa um sem-número de desculpas que acabam atingindo seus rivais e eventuais "traidores".

Bernard Madoff culpou a crise econômica, o próprio sucesso e até suas vítimas pelo esquema que montou com um banco de investimentos nos EUA - e que fez seus clientes perderem US$ 65 bilhões. "Os bancos e fundos deviam saber que havia problemas ali", disse em entrevista a uma revista americana. Incapaz de sentir remorso, charmoso a ponto de ter cativado presidentes de bancos como Santander e Credit Suisse e incapaz de se colocar no lugar de suas vítimas ("Que as minhas vítimas se ferrem. Eu as sustentei por 20 anos e agora tenho de cumprir 150", teria dito na prisão), Madoff já foi apontado por especialistas em crime como um psicopata. (Ele, no entanto, afirmou à imprensa americana ter sido diagnosticado como normal por sua terapeuta.)

Madoff fez carreira como o homem que cuidava dos investimentos dos milionários. "Tio Bernie", como era conhecido, fazia mágica: mesmo quando a economia estava em baixa, prometia um rendimento de 8%, 12%, 15% por ano a seus clientes. Como a história colava? Madoff sabia o que os clientes queriam: investir com alguém que era parte do mundo deles. Esbanjava luxo, com direito a iate na Riviera francesa (US$ 7 milhões), noites no hotel Lanesborough de Londres (US$ 11 600 a diária) e jatinho da Embraer (US$ 29 milhões). Isso fez com que ele conseguisse clientes de peso. E o nome deles serviu para atrair novas vítimas. Com o dinheiro que entrava, Madoff pagava clientes antigos que quisessem sacar os investimentos. Era um esquema de pirâmide. Só funcionaria enquanto a base seguisse alimentada por novas vítimas. Isso inevitavelmente pararia uma hora. E a hora de Madoff foi a crise econômica de 2008. Quando investidores tentaram retirar de uma vez US$ 7 bilhões de seu fundo, ele simplesmente não tinha a grana. O herói de Wall Street acabou desmascarado.


10 pistas para identificar um psicopata

Só um psiquiatra conseguiria dar o diagnóstico certo. Mas, se algum colega de firma tiver esses traços, dá para suspeitar

Relacionamentos

Superficial
Não se importa com o conteúdo, e sim em como vendê-lo.

Narcisista
Preocupa-se apenas consigo mesmo.

Manipulador
Mente e usa as pessoas para conseguir algo.


Sentimentos

Frieza
É racional e calculista, pois tem pouca atividade no sistema límbico, centro de emoções como medo, tristeza, nojo.

Sem remorso
Não sente culpa. A parte responsável por isso no cérebro tem baixa atividade.

Sem empatia
Não consegue se colocar no lugar dos outros.


Irresponsável
Só se compromete com o que lhe trouxer benefícios.


Estilo de vida

Impulsivo
Tenta satisfazer as vontades na hora.

Incapaz de planejar
Não estabelece metas de longo prazo.

Imprudente
Corre riscos e toma decisões ousadas.


Fonte Without Conscience, Robert Hare.


Mal de chefe

Psicopatas podem estar em qualquer nível hierárquico, desde que o cargo lhes traga algum benefício. Mas é mais provável que eles estejam no topo.

Em 2010, 203 executivos de 7 companhias americanas foram avaliados pelo psicólogo Paul Babiak. O resultado revelou aquela estatística que você viu no começo da reportagem - 3,9% dos entrevistados tinham pontuação suficiente nos testes de Babiak para ser diagnosticados como psicopatas. Onde estavam os casos mais graves? No alto escalão: 2 vice-presidentes e 2 diretores.

Por quê? É mais fácil enrolar em cargos de liderança. Um gestor precisa saber liderar a equipe, motivar os funcionários, relacionar-se com fornecedores e parceiros. Já um técnico precisa entender do negócio da empresa - negociar preços, saber como anda o mercado, apresentar as melhores estratégias ao chefe. No estudo de Babiak, ficou claro que os psicopatas não querem saber de trabalhar. A pesquisa usou dois grupos de habilidades para avaliar os executivos: um ligado ao plano das ideias (comunicação, criatividade e pensamento estratégico) e outro relacionado a produtividade (gerenciamento, liderança, desempenho e trabalho em grupo). Quão mais alto o grau de psicopatia de um executivo, pior foi a nota dele no grupo de produtividade.

Não é difícil para um psicopata fazer carreira dessa forma. Foi assim com Skip (nome fictício). O menino cresceu em um internato nos EUA, em Massachusetts, porque a família estava cansada de lidar com o capetinha - ele roubava dinheiro de casa para comprar fogos de artifício e matar sapos. Skip teve uma vida acadêmica medíocre e fez MBA em uma instituição mequetrefe. Aos 26 anos, entrou em uma empresa de equipamentos de mineração. Não demorou para se destacar. Seus chefes viram nele um talento para motivar vendedores e influenciar compradores. Com seu charme, tornou a empresa a terceira maior do setor no mundo. Até ganhou uma Ferrari de bônus da companhia pelo resultado. Aos 30 anos, Skip se casou com a filha de um bilionário. Mas dava suas puladas de cerca. Seis anos mais tarde, era presidente da divisão internacional da empresa, membro do conselho diretivo e pai de duas meninas. Não sem alguns tropeços: a empresa teve de dar uma indenização de US$ 50 mil a uma secretária depois de Skip quebrar o braço da moça ao forçá-la a sentar-se em seu colo. Mas esse e outros processos por assédio sexual não eram nada perto dos lucros que ele gerava. Aos 51 anos, virou o presidente da empresa. Merecido: ele fez a companhia ganhar dinheiro. Quer dizer, mais ou menos. Nos bastidores, Skip desviava dinheiro. Em 2003, foi acusado formalmente pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA por fraude. "Ele não sente nenhum apego emocional aos outros. Nenhum mesmo. Ele é frio como gelo", diz Martha Stout, que relata a história de Skip em Meu Vizinho É um Psicopata.

A esta altura é possível que você tenha se lembrado daquele colega de trabalho folgado. Ou do chefe que manda você fazer todo o trabalho dele. Será que são psicopatas? Pode ser que sim, mas considere também a possibilidade de eles terem outro tipo de transtorno psiquiátrico.

Tem executivo por aí tão doido quanto paciente de manicômio. As psicólogas forenses Belinda Board e Katarina Fritzon, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, analisaram 39 executivos de alto escalão e os compararam com presos psiquiátricos, um grupo em que a prevalência de transtornos de personalidade é 7 vezes maior do que na população em geral. A descoberta foi uma surpresa. Os executivos se mostraram mais doidos do que os presos psiquiátricos em 3 de 11 transtornos pesquisados: narcisismo (gente que precisa de admiração o tempo todo e não se preocupa com os outros), transtorno de personalidade histriônica (pessoas que gostam de se exibir e manipular os outros) e transtorno compulsivo (pessoas perfeccionistas, com tendências ditatoriais e devoção exagerada ao trabalho). A boa notícia é que o nível dos transtornos ligados à psicopatia era mais alto entre os criminosos psiquiátricos do que entre os executivos entrevistados.

Qual é a razão desse resultado? Simples. Certos traços desses transtornos são valorizados em cargos de liderança - como agressividade, autoconfiança, liderança. Isso dá certa vantagem a quem é narcisista e perfeccionista. Por isso, não saia acusando seu chefe de ser um psicopata. Ele pode ser doido. Ou simplesmente um cretino.



O canto do psicopata
Os xavecos que ele usa para manipular os colegas

"EU GOSTO DE QUEM VOCÊ É"
Por que funciona - O psicopata mostra admiração pelo talento e pelos pontos fortes da vítima. E passa a ser visto como um dos poucos a reparar verdadeiramente no potencial dos colegas.

"EU SOU COMO VOCÊ"
Por que funciona - O psicopata identifica características da personalidade da vítima e faz de conta que compartilha gostos e interesses.

"SEUS SEGREDOS ESTÃO SEGUROS COMIGO"
Por que funciona - A vítima, achando que está diante de um amigo, abre o coração e conta medos e expectativas.

"SOU SEU AMANTE/AMIGO IDEAL"
Por que funciona - Último estágio da manipulação. O psicopata cria um elo psicológico que promete uma relação duradoura. A vítima já está em suas mãos